Qual tipo de meios de comunicação você prefere para se informar?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

SITUAÇÃO ATUAL: MEIOS DE COMUNICAÇÃO GLOBALIZADOS.

Uma análise da situação atual dos meios de comunicação, sobretudo nesta época de globalização, ilustra os novos desafios que novamente situam o papel dos meios de comunicação dentro de uma sociedade de saberes compartilhados.
É necessário destacar que, no contexto da globalização neoliberal, a informação “digital” transformou-se em uma mercadoria a mais circulando conforme as leis do mercado de oferta e procura.
Segundo esta lógica, os meios não estão vendendo informação aos cidadãos, estão vendendo os cidadãos aos publicitários. Assim, os conteúdos causam distorção da realidade, fortalecendo os estereótipos e reduzindo claramente a diversidade dos conteúdos distribuídos. Para exemplo - bastante utilizado - do resultado deste processo de desregulamentação nos últimos 30 anos podem ser citadas as declarações do chefe da Instância reguladora dos Estados Unidos, sob Ronald Reagan, em 1980, que em plena febre desregulamentadora declarou que a televisão era como qualquer aparelho doméstico, uma “torradeira com imagens.” E, como não se regulam as torradeiras, por que fazê-lo com a televisão? O certo é que a privatização e a liberalização que acompanham a globalização não produziram meios mais diversos e pluralistas.
A invasão da revolução da Internet e da era digital atraiu o setor da informação com a perspectiva de lucro fácil, uma pletora de industriais dos setores mais variados: eletricidade, informática, armamento, construção, telefonia, água. Edificaram gigantescos impérios monopolizando os meios de comunicação em poucas mãos e integraram de maneira vertical e horizontal os setores da informação, a cultura e o entretenimento, anteriormente separados, com o desenvolvimento de conglomerados onde o conhecimento e os conteúdos se transformam em uma nova mercadoria.
Estes conglomerados “de múltiplos meios” influem em todos os aspectos da vida cultural, social e política. Entretanto, sua própria lógica fez com que os meios de massa deixassem de funcionar como contrapoder. Os meios de comunicação de massa (rádio, jornais, televisão, Internet) realinham-se em função de uma vocação mundial, mas não de caráter nacional. O processo de concentração dos meios traduz-se como controle de uma grande variedade de meios em diferentes países e continentes. Por isso, não atuam como contrapoder no interior dos países.
Estes principais grupos são: Vivendi Universal, AOL Time Warner, Disney: News Corporation, Viacom e Bertelsmann, General Electric, Microsoft, Telefónica, France Telecom. O poder real encontra-se agora nas mãos destes conglomerados com mais poder econômico que a maioria dos governos. [3] A ausência dos principais conglomerados mediáticos nos debates da CMSI transmite esta realidade.
A concentração da propriedade dos meios significa, por exemplo, que os cinco maiores conglomerados dos Estados Unidos controlam quase a totalidade das cadeias de rádio e de televisão do país. O importante não é o número de canais de televisão, mas a diversidade de fontes e proprietários. Do primeiro caso, nasce uma mensagem simplificada para o consumo em massa. Com isso, é o direito à informação que surge limitado e em dúvida. Por um lado, o fim dos monopólios estatais nos países do Sul e na Europa trouxeram consigo avanços na pluralidade de meios, embora haja preocupação com a deslegitimação dos meios tradicionais. Entretanto, a desregulamentação favorece este processo porque apesar de as leis da liberdade de imprensa terem sido estabelecidas para limitar o poder estatal, agora são insuficientes para assegurar que a informação e a comunicação sejam um bem comum. Como aponta Ignacio Ramonet: Embora, nos países do Norte a liberdade da palavra esteja garantida, o direito a estar bem informado é questionado pela concentração dos meios de comunicação,
Por último, estes conglomerados não diferenciam as três formas tradicionais de comunicação (escrita, verbal ou com imagens), fomentando tanto a Internet quanto as telecomunicações em geral como um novo e poderoso meio, abrangendo atividades de cultura, entretenimento e esporte, comunicação e informação. Desta forma, é cada vez mais difícil distinguir os diferentes setores industriais da informação dos setores da cultura de massa e de entretenimento. Os grandes conglomerados mundiais adquirem dimensões de multimídia e vendem seus produtos, outros suportes além do rádio, da televisão e dos jornais tradicionais, com filmes, vídeos, discos compactos, DVDs, parques de diversões, cinemas, teatros, esportes.
O desenvolvimento das cadeias mundiais de informação contínua como CNN foi imitado por outras cadeias estadunidenses e do mundo, entre outras a BBC, com grande impacto. A manipulação da informação e a resistência nos países do Sul do planeta deram origem, em primeiro lugar, à cadeia árabe Al’Jazeera, para neutralizar a campanha contra o islamismo. Recentemente, surgiu a Telesur sediada na Venezuela, para neutralizar a “propaganda estadunidense”. Estas experiências evocam o questionamento do Informe MacBride, nos anos 70, e as esperanças falidas dos países não-alinhados a um projeto da Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação proposto pela Unesco. [4]
E, ao mesmo tempo, revelam a capacidade de adaptação dos meios tradicionais às novas tecnologias e sua persistência como veículos de produção de consensos sociais e políticos em massa.

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